terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CAXEMIRA: EPICENTRO DO CONFLITO ENTRE ÍNDIA E PAQUISTÃO


A região de Caxemira -localizada em meio às altas montanhas do Himalaia - tem sido objecto de disputa entre a Índia e o Paquistão. A maioria da população é de origem paquistanesa e religião muçulmana. O governo é da Índia, onde a religião predominante (85%) é hinduísta. Desde a independência, em 47, os dois países já se envolveram em três guerras, duas em disputa pela região, em 47 e 65. A situação agravou-se após 74, quando o governo de Indira Gandhi detonou a primeira bomba atómica hindu. Em 96, o partido Barathya Janata, dos fundamentalistas hindus, venceu as eleições e implantou uma política nacionalista. Os choques na fronteira ficaram mais intensos e constantes.


Em 1947, o subcontinente emergiu da independência, dividido em dois Estados: Índia e Paquistão. Gigantescas massas humanas mobilizaram-se de um sector a outro para conformar dois espaços claramente divididos: um hindu, e outro, muçulmano.


A província de Caxemira, maioritariamente muçulmana, uniu-se à Índia, e não ao Paquistão, por decisão unilateral do marajá governante. Isso desencadeou, como corolário, um enfrentamento bélico que se prolongou até 1949, quando a ONU estabeleceu um armistício promovendo a divisão da província. Como parte do acordo, a Índia se comprometeu a celebrar um plebiscito na região da Caxemira, o que, efectivamente, nunca ocorreu. Ao contrário, em 1957, dito território foi anexado à Índia. Desde então, os dirigentes paquistaneses vêm reclamando, veementemente, demonstrando estar inconformados com essa situação considerada irregular.


O aparecimento de uma linha de terrorismo islâmico, propiciado pelo Paquistão - segundo acusação do governo da Índia -, conduziu ao "alarme vermelho" as tensões entre os dois países, em mais de uma oportunidade. Após os actos terroristas perpetrados em território estadunidense, em 11 de Setembro de 2001, o governo paquistanês buscou dissociar-se do fundamentalismo islâmico, e ambos países têm feito algum esforço no sentido de reaproximarem-se. Entretanto, as acções terroristas no território indiano podem terminar desencadeando uma nova conflagração armada, e que, nas actuais circunstâncias, seguramente teria um carácter bélico-nuclear, de consequências imprevisíveis.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Tragédia no Haiti é o ‘pior desastre’ na história da ONU.


Uma porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou, neste sábado, em Genebra, que o terramoto no Haiti é o pior desastre que a ONU já enfrentou em toda a sua história.

“Este é um desastre histórico. Nós nunca fomos confrontados com este tipo de desastre na memória da ONU. É como nenhum outro”, disse Elisabeth Byrs, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da Organização.

De acordo com Byrs , a maior dificuldade deve-se aos problemas de logística por conta do colapso do governo local e da completa destruição das infraestruturas - o aeroporto está saturado, as ruas bloqueadas, os hospitais têm poucos ou nenhum médico e poucas construções suportaram os tremores.

Byrs comparou o desastre com o tsunami que atingiu a Indonésia em 2004 e afirmou que a situação em Porto Príncipe é “tão má ou ate mesmo pior”.

“O desastre é enorme, tão enorme quanto foi o tsunami, talvez pior porque todo o país foi "decapitado", os prédios do governo desmoronaram e não existem quaisquer apoios das infraestruturas locais. Na Indonésia nós tínhamos pelo menos o apoio de algumas autoridades locais”, referiu.

3 milhões de pessoas afectadas no sismo do Haiti


Estima-se que centenas de pessoas possam estar soterradas nos escombros, fala-se em muitas mais centenas de feridos e sabe-se que milhares ficaram desalojados na sequência do abalo, que durou quase um minuto e registou uma magnitude de 7,0 na escala de Richter. Três horas depois do primeiro tremor, às 4h53 da tarde de ontem, terça-feira (21h53 hora de Lisboa), já se tinham seguido mais de dez réplicas, a mais forte das quais com uma intensidade de 5,9.

Uma gigantesca operação de emergência está a ser montada, com recursos a chegarem dos Estados Unidos e de outros países sul-americanos. Organizações de assistência como a Cruz Vermelha disponibilizaram já centenas de milhares de dólares em ajuda, e múltiplas organizações humanitárias preparam-se para partir para o empobrecido país das Caraíbas. Apesar de ontem ser impossível perceber o real estado em que se encontra Port au Prince, era claro que o Haiti não tinha capacidade para lidar com semelhante calamidade.

O embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Raymond Alcide Joseph, classificou a situação como uma “catástrofe de gigantescas proporções”. As primeiras informações apontavam para um grau muito significativo de destruição, com estradas cortadas, pontes partidas e milhares de edifícios em ruínas. O terramoto, com epicentro a cerca de 15 quilómetros de Port au Prince, deixou a cidade coberta por uma densa poeira durante horas. A capital ficou sem electricidade e sem telecomunicações; as ruas encheram-se de pessoas em fuga dos edifícios que colapsavam como castelos de areia. “Começou tudo a tremer, as pessoas gritavam, as casas começaram a cair, foi o caos total”, relatou o correspondente da Reuters, Joseph Guyler Delva. “Vi várias pessoas mortas, e muita gente enterrada debaixo de escombros. As pessoas gritavam ‘Jesus, Jesus’ e corriam em todas as direcções”, prosseguiu.

Segundo as estimativas do US Geological Survey, cerca de três milhões de pessoas poderão ter sido afectadas pelo tremor de terra. “O sismo ocorreu em terra e não no mar, o que quer dizer que houve uma vasta população directamente exposta ao abalo do terramoto, cuja falha foi relativamente superficial”, explicou o geólogo Mike Blanfield. Além do epicentro se ter localizado numa área urbana densamente populada, as várias réplicas, de grande intensidade, eram capazes de ter destruído os edifícios que tivessem resistido ao primeiro abalo.


fonte: www.publico.clix.pt
Equipes de resgate recuam no Haiti, ajuda ainda é insuficiente


PORTO PRÍNCIPE (Reuters) - A busca por sobreviventes do terremoto que devastou o Haiti perdia força nesta quinta-feira, enquanto equipes de resgate começavam a recuar e a ajuda humanitária, embora em maior quantidade, ainda não era suficiente para as dezenas de milhares de pessoas que ficaram feridas ou desabrigadas.

Um país desesperadamente pobre já antes do terremoto de magnitude 7,0 que deixou em ruínas a capital Porto Príncipe em 12 de janeiro e matou entre 100 mil e 200 mil pessoas, o Haiti agora pede ao mundo assistência básica.

"Estamos satisfeitos com o trabalho que estamos fazendo? Definitivamente não", disse John Andrus, director da Organização Pan-Americana de Saúde.

"Mas estamos fazendo progressos. Pense onde começamos... Não havia estradas, somente escombros e cadáveres. Não havia comunicação, somente morte e desespero."

O tremor de magnitude 5,9 que atingiu o Haiti na quarta-feira fez com que haitianos alarmados saíssem correndo de prédios e se afastassem de muros. O abalo, no entanto, não causou nova destruição ou reduziu a ajuda internacional, impulsionada pela chegada de mais tropas dos Estados Unidos.

A violência e os saques diminuíram com tropas dos EUA dando segurança para a distribuição de água e comida. Vários haitianos que perderam suas casas seguiam o conselho do governo e buscavam abrigo fora de Porto Príncipe.

Preocupado com a percepção de que os Estados Unidos estão assumindo um papel de liderança à força, o presidente Barack Obama disse na quarta-feira que a Casa Branca está sendo "muito cautelosa" para trabalhar com o governo haitiano e com a Organização das Nações Unidas (ONU).

"Quero garantir que, quando a América projectar seu poder ao redor do mundo, isso não seja visto somente quando está travando uma guerra", disse Obama à ABC News.
"Também tem que ser capaz de ajudar pessoas que precisam desesperadamente. E, em última instância, isso é bom para nós. Será bom para a nossa segurança nacional no longo prazo."

A ONU elogiou a República Dominicana por estabelecer um corredor humanitário de Santo Domingo a Porto Príncipe e pelo envio de 150 tropas da ONU para se juntarem a um contingente peruano de capacetes-azuis para proteger a área.

fonte: http://br.reuters.com/