terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Programa Alimentar da ONU retira-se do sul da Somália

O Programa Alimentar Mundial (PAM) vai suspender as actividades humanitárias no sul na Somália.
O organismo das Nações Unidas denuncia as crescentes ameaças e ataques de que é alvo.
O PAM, que está na Somália há mais de 40 anos, afirma que as exigências de grupos armados estão a prejudicar o trabalho junto de um milhão de pessoas necessitadas.
Um responsável da organização contou que, em Novembro, o grupo islamita Al Shabaab impôs onze condições às agências de ajuda humanitária que operam no sul da Somália, nomeadamente, que as mulheres sejam retiradas dos empregos a não ser que trabalhem nos hospitais e o pagamento de 20 mil dólares a cada seis meses para segurança.
Os rebeldes do Al Shaabab – considerados por Washington como um braço da Al-Qaeda na Somália – controlam o sul do país.
A guerra civil fez 19 mil mortos e um milhão e meio de refugiados desde 2007.
A Somália e o vizinho Iémen ocupam actualmente o topo da lista negra dos Estados Unidos no que toca às ameaças de terrorismo.

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Gerçon Taveira

A dimensão Sul/Norte das migrações internacionais: direitos humanos e segurança nacional


A questão da imigração na França e nos Estados Unidos, ao longo dos últimos anos parece demonstrar uma tendência para que a imigração seja cada vez mais tratada como um problema de segurança. Segurança num sentido amplo, tanto como de preservação da ordem social, cultural e económica, como de identificação dos imigrantes com o aumento da criminalidade, e pela própria criminalização da imigração ilegal.

Contra a incontrolável maré invasora que vem de fora, esse lado evoca a vontade política de fechamento das comportas. O afecto proteccionista volta-se do mesmo modo contra os traficantes de armas e de drogas que põem em perigo a segurança interna, bem como contra a transmissão de informação, o capital estrangeiro, os imigrantes em busca de trabalho e as ondas de fugitivos, que supostamente destroem a cultura local e o nível de vida.

A segurança passa a ser uma preocupação do quotidiano dos indivíduos. A imigração é compreendida como uma ameaça transnacional, que não pode ser resolvida da forma tradicional.

A adopção dos controles de identidade na França, onde a polícia está autorizada a abordar qualquer pessoa que pareça estrangeira, a inserção da imigração nas Cúpulas Europeias que discutem o terrorismo e o narcotráfico, sob mesma rubrica de "problema de segurança". Essas políticas em conjunto contribuem para estigmatizar todo estrangeiro na França e nos Estados Unidos. O aumento da intolerância, da xenofobia e do sucesso da extrema-direita como um todo está directamente relacionado a este tipo de política.

A forma como a questão da imigração tem sido tratada na França e nos Estados Unidos, como parte de uma agenda de segurança, parece revelar a consolidação de um padrão que envolve não apenas Estados Unidos e França, mas também uma série de outros países ricos receptores de imigrantes, que têm, cada vez mais, adoptado políticas restritivas que visam diminuir a emigração dos países pobres e restringir os direitos de imigrantes. A consolidação de um "espaço de segurança" regido por determinadas regras, e onde os indivíduos têm determinados direitos reconhecidos, parece caminhar de mão dada com a estigmatização de determinados países e pessoas como "ameaças", o que justificaria a limitação de suas liberdades e de seus direitos.

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142006000200006&script=sci_arttext

Grupo: Carina Oliveira
Laurinda Alves
Liliana Gaisita
Trailler do Filme Hotel RUANDA

Conflito em Ruanda

Genocídio no Ruanda foi há 10 anos

O dia da memória. Os conflitos étnicos no Ruanda provocaram mais de 800 mil mortos. Emídio Fernando, jornalista da TSF que esteve no país em reportagem, não acredita que a democracia chegue ao Ruanda.
Foi no dia 6 de Abril de 1994, que a humanidade assistiu a um dos maiores horrores de que há memória. No Ruanda, tensões étnicas entre os hutu e os tutsi deram origem à violência e ao vasto derramamento de sangue, em sequência do agravamento de um conflito de décadas.No início da década de 90, o conflito entre as duas tribos (hutu e tutsi) aumentava a cada minuto. Até que a 6 de Abril de 1994, a morte dos Presidentes Juvenal Habyarimana, do Ruanda, e Cyprien Ntaryamira, do Burundi, num inexplicável acidente de avião, quando este se aproximava de Kigali (capital do Ruanda), significou o acender do rastilho de uma guerra civil muito sangrenta.
Os extremistas hutu usaram o acidente como pretexto para chegarem ao poder e tentaram aniquilar a população tutsi e os hutu moderados. Resultado: entre Abril e Julho de 1994, morreram mais de 800 mil pessoas, no maior genocídio que alguma vez aconteceu em África.
O genocídio levou ao êxodo massivo da população tutsi que não tinha outra alternativa senão fugir do país. Calcula-se que mais de dois milhões de ruandeses abandonaram o território, procurando refúgio em países vizinhos e que dentro do país, os deslocados foram mais de 1,5 milhões de pessoas. A guerra civil afectou directamente mais de metade da população ruandesa que tinha cerca de sete milhões de habitantes.
O jornalista da TSF, Emídio Fernando, esteve no Ruanda em Fevereiro de 1996, e contou ao JornalismoPortoNet aquilo que encontrou: “no Ruanda pude presenciar a um êxodo bíblico de pessoas a entrar e sair no país assim que os tutsi chegaram ao poder". Segundo o jornalista, “nessa altura os tutsi tentaram vingar-se do que os hutu lhes fizeram durante o genocídio".
Sem condições sanitárias suficientes, milhões de refugiados ruandeses morreram vítimas de doenças como a cólera e a sida.




Dez anos depois…

Dez anos passaram e a memória do genocídio ainda está bem presente nas mentes de todos os ruandeses, sejam eles hutus ou tutsis. O repórter revela mesmo que as feridas do massacre estão bem presentes: “não conheci uma única pessoa no Ruanda que não tivesse tido um familiar morto à catanada".
O Ruanda é um país traumatizado pela guerra civil, destruído na maior parte das suas infra-estruturas sociais, económicas e políticas que tenta agora recuperar. No entanto, a reconciliação étnica é algo em que Emídio Fernando não acredita. “Os hutus e os tutsi não se misturam e assim é difícil que se consiga estabelecer uma democracia".
Outro problema que afecta a população ruandesa é a Sida. A doença tem-se propagado por todo o continente africano, no entanto, tem tido maior incidência na região dos Grandes Lagos, onde também se encontra a República do Ruanda. “A Sida é um problema muito grave, pois até as classes dirigentes, pessoas que realmente fazem funcionar um país, foram atingidas pela doença. Assim, o futuro de países como o Ruanda encontra-se muito indefinido", disse Emídio Fernando.


Patrícia Moreira & Ana Lima =)